voltar 28/02/2012

TT para quem não vê

Uma nova iniciativa da ACAPO e do piloto Nuno Matos

Naquela que considerou ser uma mais marcantes e gratificantes experiências de toda a sua carreira desportiva, o piloto Nuno Matos proporcionou a um grupo de mais de 20 pessoas portadoras de algum tipo de deficiência visual, uma aventura inesquecível – e plena de sensações – a bordo do seu Astra Proto de competição…
Intitulada “TT para quem não vê”, esta invulgar iniciativa da ACAPO – Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, estendeu-se ao longo de praticamente toda a manhã do passado domingo, num pequeno trilho com perto de três quilómetros de extensão, desenhado em plena cidade de Coimbra.
No total, foram 36 viagens e outras tantas histórias para contar e mais tarde recordar: “Foi, de facto, uma experiência um tanto invulgar, tanto para mim como para cada um dos participantes, mas que espero poder repetir muito em breve”, admite Nuno Matos.
“É difícil explicar a sensação de felicidade que me percorreu após o final desta iniciativa, talvez mesmo superior a uma vitória numa qualquer prova do campeonato. Foram momentos muito fortes a cada viagem e que jamais vou esquecer”, confirma o piloto de Portalegre, profundamente reconhecido pelo convite que lhe foi dirigido pela ACAPO.
Vindos dos mais variados pontos do país, todos consideram este dia inesquecível, mesmo os mais nervosos e ansiosos na hora de apertar os cintos e partir para uma aventura a alta velocidade: “Confesso que fiquei um pouco inibida quando ouvi pela primeira vez o barulho do motor. Mas como fui logo a primeira a ser chamada, lá me deixei ir… E ainda bem, porque foi uma experiência única, mesmo espetacular. Não sabia o que esperar disto, só que sei que foi tudo muito diferente do que imaginei”, contou, no final da sua viagem, Rosa Esteves, presidente da Delegação de Coimbra da ACAPO.
“Eu por mim ia já outra vez. Gostei tanto que soube-me a pouco”, admitia, por sua vez, Sandra Antunes, como que incentivando os seus colegas que aguardavam (im)pacientemente pela sua vez de colocarem o capacete e ocuparem a bacquet direita do Astra Proto.
“É uma adrenalina muito mais táctil e sensitiva do que visual”, tentava resumir Carlos Lopes, atual presidente da ACAPO e também o atleta paraolímpico português mais medalhado de sempre.
“Mesmo a grande velocidade, procuramos estar atentos às sensações que o carro nos transmite, por exemplo, quando salta ou muda de direção. Num caso ou noutro, tudo se passa de uma forma muito intensa e notável a perícia e experiência do piloto”, acrescentava ainda Carlos Lopes após a sua estreia absoluta num carro de competição.
“Depois desta experiência, que foi magnífica, agora já só me falta mesmo cumprir mais um sonho, que era guiar eu próprio um carro de competição numa pista de aviação”, confessou José Mário, já num tom bastante mais descontraído do que aquele com que iniciou a sua aventura naquela manhã de domingo.
“O Nuno foi muito acessível e comunicativo desde o primeiro momento, deixando-me bastante à vontade. De tal forma que quando regressei ao ponto de partida estava absolutamente descontraído”, revelou ainda, enquanto era entrevistado por um jornalista.
Enfim, um dia de emoções fortes e que seguramente será repetida muito em breve num qualquer trilho de Portugal onde houver alguém que não vê decidido a confiar na perícia do mais jovem piloto português a conquistar um título mundial de todo-o-terreno.

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